Antiga aviação de Sobral! No fundo vê-se parte da serra da Meruoca e o seminário da UVA. foto Joscel Vasconcelo
História de Sobral
Antigo depósito da empresa Del Rio, hoje funciona a clínica "CIÊNCIAS", do Dr. Jackson. foto JOSCEL VASCONCELOS
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Causas de expansão da Vila
Formação das elites católicas, círculos operários e até partidos políticos, como foi o caso da Liga Eleitoral Católica (1932), que se instalou em Sobral (22 de novembro de 1932) com a participação direta de Dom José, que entra em confronto com a oposição liderada pelo juiz José Saboya, tendo dom José saído vitorioso dessa disputa, usando como pseudônimo Chico Monte, de quem seria aliado por muito tempo.
História de Sobral
Antigo hotel, atualmente funciona a revenda de veículos do Sr. Tarcísio Linhares Foto: Joscel Vasconcelos
POLÍCIA DO TEMPO DO FUSCA
Causas de expansão da Vila
Ainda que não esteja bem elucidada pela historia quais os povos indígenas que habitavam a grande bacia do Acaraú, é quase certo que a ocupavam, pelo menos desde a foz até sua confluência com o rio Jaibaras, os índios Potiguaras ou Petiguaras, possuidores das terras litorâneas – do Rio Grande do Norte ao grande rio Parnaiba, entre o Piauí e o Maranhão. Por sua vez, os Tabajaras, senhores das Serras, estacionavam nos sertões intermediários dos dois rios e da cordilheira da Ibiapaba.
Nas suas adjacências campeavam as tribos tapuias dos tremembés, aldeados que foram na praia de Almofala, e os Acriús ou Ararius, fixados as margens do rio Groaíras, povoação que teve o nome de Lourenço Guimarães.
Em conseqüência da guerra Holandesa (1630-1654), várias famílias da Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, fugidas dos horrores da guerra e do ódio sectário dos holandeses, procuraram, abandonando o litoral, refugiar-se no interior cearense, estabelecendo-se primeiramente no vale do Jaguaribe, onde fundaram grandes fazendas de gado e, em seguida, levantaram bandeiras para a conquista de novos rios.
Pelo mar vieram também povoadores para o Ceará, sendo quase exclusivamente de Pernambuco, Paraíba, e Rio Grande do Norte. Desta origem, afirma o Cel. João Brigido, são as famílias que primeiro se estabeleceram na bacia do Acaraú.
As primeiras migrações nos sertões do Acaraú datam de meados do século XVII. Confirma-o uma antiga carta concedida a 8 de novembro de 1682, pelo capitão-mor Bento de Macedo Farias ao Capitão Bento da Silva, Jorge Coelho de Souza, e a outros moradores de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, em 50 léguas de terras pela costa abaixo, a contar do rio Pará ao rio Mundaú, nelas compreendida, entre outras, a bacia do Acaraú.
É de opinião de Antônio Bezerra que o primeiro ponto habitado da região de Sobral deveria ter sido a povoação do Riacho Guimarães, onde já em 1712 existia uma capela.
Os povoadores da Ribeira não podiam ter outra procedência, pois já em 1683, aos 23 de setembro, Manoel Góes e mais seis companheiros, naturais da capitania de Pernambuco, cujos apelidos eram Pereira Almeida, da Ruda, Abreu, Fernandes, Vasconcelos, todos troncos de famílias que ainda existem na região, obtiveram do Capitão –Mor Bento de Macedo uma cota de sesmaria de três léguas de terra para cada um, começando pelo rio Acaraú, perfazendo ao todo vinte e uma léguas de terra, estendendo-se mais ou menos da sesmaria até o local onde foi edificada a povoação do Riacho dos Guimarães. Porem, antes destes o Capitão Felix da Cunha Linhares já havia se fixado a margem direita do rio Acaraú, onde mais tarde fundou a povoação de São José.
A fundação da cidade parece proceder do movimento que ainda hoje se nota em casos idênticos nos núcleos de população, que se vão formando através dos tempos. Havia poucos sacerdotes naquele tempo; era forçoso aproveita-los, quando por estas paragens surgia algum em missão a mandado do Bispo de Pernambuco (Olinda), a cuja diocese pertencia o Ceará.
Esta foi, sem duvida, a origem da cidade de Sobral que, colocada ponto de intercessão das estradas que vinham das praias e das serras situadas a leste, se dirigiam à fértil região da Ibiapaba. Tinha ainda a seu favor a proximidade da Serra da Meruoca, de clima ameno, que a abastecia de cereais e cana-de-açúcar, encontrando nelas os elementos para subjugar às povoações mais antigas de São José e do Riacho dos Guimarães, tanto assim que em 1740 o visitador, Pe. Lino Gomes Corrêa, que nesta Ribeira já estivera em 1735, quando obrigou que se fizesse uma doação a Capela de N. S. do Rosário do Riacho dos Guimarães, sob pena de ficar interdita, encontrando aqui melhores condições para o Desenvolvimento de um povoado, ordena que se faça uma matriz, diz o Pe. João Ribeiro Pessoa, “este logar da Caissara” fazenda do capitão Antônio Rodrigues Magalhães e de sua mulher Quiteria Marques de Jesus, que doaram para o patrimônio da nova matriz de N. S. da Conceição cem braças de terra em quadrado.
Em vista do que o Pe. Antônio de Carvalho e Albuquerque, natural de Iguarassú, por ordem do bispo de Olinda, Frei José de Santa Teresa, deu inicio a construção da matriz no ano de 1746, servindo, então, como matriz a capela de N. S. do Rosário do Riacho dos Guimarães desde 1734.
Com o nome de Vila Distinta e Real de Sobral, o ouvidor Carneiro e Sá erigiu, a 5 de julho de 1773 em vila a primitiva povoação de Caiçara, que mais tarde foi elevada a cidade pela Lei Provincial nº 224, de 25 de janeiro de 1841, com o título de Fidelíssima Cidade de Januária do Acaraú, lei revogada pela de nº 224 de 25 de outubro de 1842, a qual restabeleceu a antiga denominação de Sobral.
Formação das elites católicas, círculos operários e até partidos políticos, como foi o caso da Liga Eleitoral Católica (1932), que se instalou em Sobral (22 de novembro de 1932) com a participação direta de Dom José, que entra em confronto com a oposição liderada pelo juiz José Saboya, tendo dom José saído vitorioso dessa disputa, usando como pseudônimo Chico Monte, de quem seria aliado por muito tempo.
A Sedição de Sobral - 1840
O senador José Martiniano de Alencar, presidente do Ceará, chegou em Sobral no dia primeiro de dezembro de 1840, hospedando-se no palacete do seu amigo senador Francisco de Paula Pessoa, que depois foi o Palácio Episcopal e hoje é o Colégio Sat’Ana.
Viera com alguma força para induzir o tenente coronel Francisco Xavier Torres entregar o comando da Força Pública, o que até então não tinha querido fazer, a fim de evitar uma revolta, que se receava, das tropas enviadas para combater os Balaios.
Surgiram então em várias partes da Província sedições contra a administração, aliás muito profícua, do senador Alencar, começando por S. Bernardo, onde os insurgentes prenderam algumas autoridades e se apoderaram da Vila a vinte e três de novembro daquele ano. O fim era depor o presidente e substituí-lo pelo Dr. Miguel Fernandes Vieira, chefe da oposição.
A sedição em Sobral começou na noite de onze de dezembro, sendo o palacete dos senador Paula alvejado pela força ao mando do tenente coronel Francisco Xavier Torres, empenhando-se um combate nas ruas da cidade, em que foram mortos quatro soldados e feridos oito, tendo a gente da legalidade dois soldados mortos e cinco feridos.
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General Tibúrcio em Sobral
Uma memorável manhã, Sobral amanheceu engalanada. Faziam justamente 30 anos que o pequeno Tibúrcio o humilde moço desconhecido, de origem obscura, sem possuir nome nem fortuna, deixava esta mesma cidade, e que agora voltava coberto de louros e glória.
Tibúrcio trazia a sua honrosa visita a Sobral, onde possuía ainda parentes e um considerável número de amigos e admiradores.
A sua visita fora anunciada previamente, dando lugar, assim, para que a população da cidade-moça o pudesse receber galhardamente, tal como fazia jus o bravo soldado que tão heroicamente defendera o patrimônio brasileiro na famosa guerra do Paraguai.
Uma numerosa caravana de cavaleiros partira de Sobral às primeiras horas dodia, ao encontro do ilustre visitante. Eram cidadãos da mais alta representação social da terra. O encontro se deu a cerca de duas léguas distante de Sobral.
A 9h30, o general Tibúrcio Ferreira de Sousa, garbosamente montado e seguido do numeroso séquito, fazia a sua entrada triunfal, como um dos mais insignes generais brasileiros, na mesma cidade, em que há trinta anos, chegava anônimo e desconhecido.
O primeiro contato do general em Sobral foi a praça que tinha o seu nome: “Praça General Tibúrcio”, sendo ali aclamado por imensa multidão. Aquele logradouro público havia recebido caprichosa ornamentação.
O ilustre visitante, juntamente com os seguidores e sob as notas entusiásticas do Hino Nacional encaminhou-se pela Rua Marquês de Herval (depois da Rua da Aurora, hoje Domingos Olímpio), onde havia seus manifestantes erguido um Arco de Triunfo, onde se entrelaçavam as bandeira e francesa com esta inscrição: “O Brasil e a França ao General Tibúrcio”.
Ali foram erguidos entusiásticos vivas a Tibúrcio, ao Brasil e a França.
A grande comitiva acompanhou-o dali até a residência do capitão Ferreira de Arruda, primo de Tibúrcio.
À noite foi promovida em honra de Tibúrcio, uma passeata que foi muito concorrida e que, partindo da Praça General Tibúrcio, seguia até a Praça da Bandeira, acompanhada de música local, indo parar em frente à residência do capitão Vicente Ferreira Arruda, onde se fizeram ouvir aplaudidos tribunos doutores Antonio Ibiapina e Raimundo de Arruda, falando também, nessa ocasião, o ilustre homenageado.
Eram bastante numerosos e vinham de Pernambuco, Maranhão e Bahia. Os senhores não costumavam praticar contra eles os horrores de que estão cheias as crônicas do tempo.
Em agosto de 1881 havia no Ceará 24.193 escravos, dos quais Sobral tinha 1.984. Havia, contudo, alguns de coração endurecido e mau, que mandavam açoitá-los cruelmente e depois retalhar-lhes as nádegas e sobre as feridas punham sal, aumentando indizivelmente as torturas, que padeciam aqueles indefesos cativos.
Muitos enforcavam-se para abreviar os sofrimentos, e ainda há em Sobral quem possa repetir os nomes de dois senhores, verdadeiros verdugos, que assistindo aos açoites, tomavam o pulso do infeliz escravo e, desapiedadamente diziam: “Aguenta ainda tantas retalhadas!”
Tinham os negros seus dias de folgas na festa tradicional dos Reis Congos que haviam trazido da Angola, como diz Pedro Calmon: “É preciso deixar bem acentuado que muito embora a crudelíssima disciplina da família antiga, que penetrava até as escolas, o escravo do Ceará não era o mesmo mártir da lavoura do sul. Não conhecia eito e a senzala dos latifúndios; fazia tão somente de domésticos, em contato imediato com o seu senhor.
ANTIGO PRÉDIO DA CADEIA - ONDE FUNCIONA HOJE A CÂMARA MUNICIPAL DE SOBRAL
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